domingo, 6 de fevereiro de 2011

— Viverei até o final desta primavera — continuou — e é possível que o verão também. Mas não sobreviverei a outro inverno. Eu sei. A dor nos meus pulmões está cada vez pior.

Soltei um abafado grito de angústia. Acho que me inclinei para a frente e disse:

— Mãe!

— Não diga mais nada — ela respondeu.

Acho que ela odiava ser chamada de mãe, mas não consegui evitar.

— Eu só queria falar isto para uma outra alma — ela disse. — Ouvir em voz alta. Estou absolutamente horrorizada com isto. Por mais incrível que seja, eu tenho medo.

Eu quis pegar suas mãos, mas sabia que ela jamais o permitiria. Ela não gostava de ser tocada. Jamais abraçava alguém. E, assim, foi com nossos olhares que nos abraçamos. Meus olhos se encheram de lágrimas enquanto olhava para ela.