sexta-feira, 5 de novembro de 2010


Repetir o inexistente até que exista...
Até que a mentira se transforme na mais plena verdade!
Isso dói, isso machuca, isso incomoda.
Me faz querer fugir – pras mais distântes colinas.

Mais uma vez lágrimas nos olhos, retoca a maquiagem, acende mais um cigarro, ajeita o vestido vermelho cereja, uma ultima carícia no cabelo e lá vamos nós.
Passamos pelo salão, seguimos de cabeça erguida, fingimos sorrisos, fingimos costumes, falsos moralistas “Ola, como vai?” – quem se importa?!
Dança a noite inteira, cheira alguma coisa no banheiro nos intervalos, beija alguns garotos, beija algumas garotas, alguns tropeços, viramos o salto – mas não dessemos dele. Parece cômico, mas na verdade é depressivo, é melancolico, é monstruoso!
Chega em casa, escuridão. Tira a maquiagem, toma um banho e em seguida vai para o quarto. O aconchego daquele lugar sujo, aquele mundinho sujo prestes a cair. Deitasse na cama; pensa, pensa e pensa. Levantasse bruscamente e apalpa embaixo do colchão, logo sente a frieza agradavel do metal. O amante, o revolver, o instrumento certo na hora certa.
- Vamos lá baby, por que não? Por que sim? É agora, decida sua vida num instante!


Fugindo para a colina, doce criança prestes a encontrar a liberdade.
Seja livre, faça sua escolha, decida, morra – viva!
Chega, pare, acabe com o inacabado...

Fuja para a sua própria colina, nem que isso custe a sua vida.
Vamos lá, repita pra você mesmo “Do que eu preciso?”
Ajeite o cabelo, retoque o batom, termine o cigarro, atravesse o salão, e faça o que te convem nessa vidinha mediocre, seja mulher – homem, enfrente a sua colina, a sua montanha. Cruzar as pernas nunca moveu uma montanha.