segunda-feira, 20 de junho de 2011


Algumas pessoas dizem que quando alguém está mal, é porque um espirito se apoderou da alma deste alguém. Em meu caso, tenho acreditado que o espirito não se apoderou da minha alma, mas que sim - eu sou o próprio espirito.

Tentamos mudar. Mudar de roupa, corte de cabelo, fazemos a barba, trocamos a marca do cigarro, começamos a beber, mudamos de cidade... Mas e o interior? O interior está lá, intacto - nu e cru -cada vez mais cinza. E pelo desespero de tentar fugir, de tentar tirar este fardo das costas, culpamos todos ao redor. Culpamos se dó e temor, culpamos como se não houvesse coração. Culpamos como se o perdão, nunca houvesse existido. Mas nos arrependemos, amargamente. E é ai que entra a desistência. Forte e talvez a coisa mais viva em mim, a desistência sob o viver.

De um lado a corda, de outro o banco. De um lado a faca, de outro o pulso. De um lado a escada, de outro o chão - tão distante, tão perto. De um lado a fé, de outro o pecado. De um lado a vontade de seguir com o plano, do outro lado, o medo de machucar as pessoas.

Mas será que apenas eu possuo esse medo? Será que isso na verdade é covardia?
Meus planos, fieis pensamentos de um covarde hipócrita de apenas 17 anos. Sim, 17 anos... E minha vida mais parece, a de uma velha de 79 anos com câncer no útero. Mas uma velha com câncer no útero pode ser mais feliz que eu, sendo ela mesma, e se tiver seu companheiro leal ao seu lado.

Lealdade, rs. O que sabemos sobre lealdade? Nada.
Sabemos apenas de nós mesmos, da nossa própria dor, e do nosso devido "bem-estar".
Não sabemos conversar, cada palavra - um timbre de acusação. A convivência acaba se tornando um julgamento em um tribunal aberto. O júri? Todos. Família, amigos, vizinhos, pessoas desconhecidas...

Um botão de desligamento, é só isso que peço a Deus.
Desligar a mim mesmo, a minha dor, a minha vida. Afinal, o ar que consumo seria bem mais útil em outros pulmões.